Carolina Otto; Carol Ceo; Victor
Lemos; Italo Wolff; Lucas Gomes; Rithelly Samara;
O
momento histórico no qual o Brasil esta inserido trouxe a tona os problemas que
o capitalismo gera, principalmente a desigualdade social. Quando o estado não
conseguiu prover transporte publico de qualidade e ainda assim aumentou o preço
das passagens de ônibus, a população (principalmente a classe media) decidiu se
rebelar e ir às ruas protestar.
Tais protestos
incitaram o povo a reivindicar alem do transporte: saúde, educação e reforma política.
Sendo assim o povo, que se comportava passivamente, mostrou que também podia se
rebelar.
A seguir abrimos uma discussão sobre o conceito de luta de classes por
Marx relacionando aos protestos com o conceito. Essa discussão foi feita com
estudiosos de historia e de ciências sociais da Universidade Federal de Goiás,
tendo como foco principalmente os protestos em Goiânia.
ENTREVISTADOR:
Como você relaciona as proposições de Marx com as
propostas que os manifestantes estão fazendo?
JOÃO AFONSO:
Cursa História
na UFG
Tratando-se do
movimento Passe Livre, observa-se um anseio do deslocamento para o âmbito
público o transporte coletivo, que está no âmbito privado.
Discute-se sobre
trocar o valor do transporte. Em lugar de um valor de troca, é proposto o valor
de uso à tarifa.
Sobre a luta de
classes, eu entendo que a atual manifestação, apesar de, inicialmente, ser
classista, tornou-se uma luta relativa ao sistema político em detrimento das
críticas ao sistema econômico, congregando várias classes com as mesmas
reivindicações. Portanto, não seria mais uma luta de classes.
IAGO MONTALVÃO:
Cursa História
na UFG
Acredito que as
manifestações pelo passe livre tinham caráter classista. Mas essa pauta
classista se perdeu, juntamente com o tom de revolução, resultando numa queda
das manifestações ao vazio, perdendo o sentido, uma vez que se torna um
movimento do explorador que marcha ao lado do explorado, caracterizado por um
viés apartidário.
A prova disso
são as reivindicações conservadoras de direita (como a redução da maioridade
penal, ou proibição do aborto) em meio a um protesto de esquerda progressista.
RAFAEL BARRA
Cursa Ciências
Sociais na UFG
Ao mesmo tempo que o movimento é marcadamente
classista, perde um caráter de classe ao se tornar parte de um movimento
anti-conflito. A apropriação do grande capital (direita, mídia) que tenta
trazer a perspectiva legalista ao movimento com seu discurso de não violência
tira da luta o que há de luta.
DANILO SANTANA
Cursa Ciências Sociais na UFG
Eu observo uma
cooptação do movimento pela Grande Mídia e pelo estado. Acredito que haviam
pessoas com consciência de classe nas passeatas, mas haviam muitas pessoas que
estavam ali sem saber o porquê.
Quanto ao
“gigante que acordou”, eu acho que esse gigante é um Leviatã.
CARLOS MAGNO
Cursa Ciências
Sociais na UFG
Acredito que a
manifestação é filha da luta de classes, resultado das contradições do capital.
A temática dos protestos tem sido ligada à classe trabalhadora, mas não é
resultado de uma consciência de classe. Ela poderia ser algo embrionário à essa
consciência, mas ainda puramente reativa.
Ainda não se
reflete a respeito do papel do estado ou sobre o sistema econômico. O preço da
passagem abaixou, mas o dinheiro que as companhias de ônibus vão perder será
descontado do ICMS dos trabalhadores, ou seja, novamente quem paga somos nós. E
isso não gerou revolta. Isso prova que não há uma crítica estrutural, apenas
reação às circunstâncias imediatas.
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