Rádio Germinal

sábado, 18 de julho de 2009

Feito por encomenda

Quando nasci
ou mesmo antes disso acontecer
havia uma sociedade desleal
criando um destino cruel
pra eu percorrer
e nem esperaram eu crescer
para perguntarem a mim
se era isso que eu queria ser,
de fato precaver
foi essa a intenção
pois se deixassem eu escolher meu espectro
não seria como sou
teria minha própria identidade
e essa suposta contrariedade
ao sistema social presente
seria o ato comummente
que o levaria ao caos permanente,
a minha atitude diferente
em relação ao modelo social proposto
faz com que eu seja somente um encosto
a essa estrutura hierárquica doente.

Se um só dos seus membros
propor uma quebra do paradigma social
expor a base para que haja uma sociedade
mais participativa e fraternal
isso será visto pelo poder despótico que nos rege
como algo mal
e essa minha mudança de conduta
faz com que eu represente um risco
ao sistema social
e esse mesmo nau
me vê junto as minhas ideias
como um simples animal
que deve ser combatido ferozmente
para manter a antiga ordem
intacta e uniformemente
igual,como sempre foi e talvez será
esperar, esse é o lema que nos impõe
como verdadeira doutrina
e esperando permanecemos
envelhecendo e apodrecendo na latrina
[social].

E o meu ideal
que nada,
é uma simples errata
perdida no arrebol da horda.
E nascido estou
formado e manipulado
como queriam,
me deram um nome,
uma missão, uma crença, um estado, uma religião
me deram deveres de cidadão
mas a liberdade, o livre arbítrio,onde estão?
eis a questão a ser definida,
junto a tudo isso
me deram também o ódio, a vingança, a dor
e me tiraram a vida
pois digo de imediato
que podem até tirar minha vida,
mas não a minha liberdade;
e essa minha concepção de realidade
essa busca incessante por verdade, variedade
por superação da autoridade
faz com que eu seja
um simples objeto de clandestinidade
e a sociedade, que se diz dona da verdade e da razão
que prioriza a liberdade de expressão
vive a satirizar meus trajes
e lançar ultrajes à minha opinião
e não há nada que se entenda,
o único espaço que tenho nessa sociedade
é como ferramenta, do poder sovino burguês
e na minha triste e cansada tez
desde que meu nascimento se fez
está epigrafada a mensagem que me representa:
Subalterno feito por encomenda.

Raphael Diniz

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